21 fevereiro 2011

Curiosidades de Antigamente...

"Por motivos de mudança de casa, encontrei no baú do sótão uns versos feitos pela minha avó paterna há 93 anos, que sempre viveu no lugar do Vergão, Proença-a-Nova, terra que também me viu nascer. Sendo analfabeta porque nunca estudou, era a pessoa mais culta da aldeia na sua época; autodidata, sabia ler e escrever. Estes versos, alguns com rima apenas sonora, referem-se a uma "Gripe Espanhola" que em 1833 devorou aquela região.


E andamos nós preocupados com a pandemia da "Gripe A". Isto é que eram pandemias a sério!

Por mera curiosidade, Montinho era um lugar pequeno nos arredores das Cimadas.

Aquele Abraço."

Abílio Delgado



A Deus oh barca do Tejo
Estás viradinha para o sol
Tu trouxeste para a Beira
Aquela gripe Espanhol

A morte vinha assustar
Vinha tudo a varrer
O mártir São Sebastião
É que nos pode valer

Tudo isto foi verdade
A mentir ninguém me obriga
No Montinho das Cimadas
Morreram três raparigas

Uma estava para ser noiva
E dentro de pouco tempo
Foi estrear à sepultura
Seu fato de casamento

O lenço que ela levava
Era de seda mimoso
Quem lhe tinha comprado
Foi o seu querido esposo

Os sapatos que ela levava
Eram de xangrim amarelo
Metia mesmo dó
À porta do cemitério

À porta do cemitério
Causava pena e dor
Também lá vinha a chegar
O caixão do seu amor

Dentro de oito dias morreram
As três filhas que os pais tinham
Já morreu o Manuel Dias
Mais a Maria do Montinho

Rapazes e raparigas
A morte é um desengano
Isto foi acontecido
Há oitenta e cinco anos
10º
Rapazes e raparigas
Tomem todos atenção
A notadora desta quadra
Foi Maria da Assunção
Com 25 anos de idade
Residente no Vergão


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